sábado, 28 de dezembro de 2013

Ainda não me perdi...




Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro inquieto vivo.
Ele está cá dentro e não quer sair.
Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.                                                                               Carlos Drummmond de Andrade



     Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

Sophia de Mello Breyner

1 comentário:

  1. Porque o post merece mais Sophia:

    Era o tempo das amizades visionárias
    Entregues à sombra à luz à penumbra
    E ao rumor mais secreto das ramagens
    Era o tempo extático das luas
    Quando a noite se azulava fabulosa e lente
    Os dias como harpas ressoavam
    Era o tempo de oiro das praias luzidias
    Quando a fome de tudo se acendia

    SMBreyner

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