terça-feira, 31 de março de 2015

Mar


Tenho inveja de ti!
Da cor dos teus olhos
dos rochedos que varres
em profundas incursões,
das praias que lambes
desvairadamente
e do espelho imenso
que refletes -
o nada e o tudo,
o nada que é tudo
e o tudo que é
uma imensidão de nada.
Inveja dos abismos que visitas,
dos seculares ais que abafas,
dos que abraças, revolves e vomitas
ou que agarras para sempre
no teu peito, de ondas cavas, profundas
que em êxtase espumam o clímax
do fim-princípio da criação.

Inveja - Sentimento que desconheço.
Mas é o que sinto por ti!



sexta-feira, 27 de março de 2015

Nomegrafia esdrúxula



Sou Maria e mãe como muitas,
De Andrade, como os poetas que tanto admiro,
Costa tão larga como a vida que abarco e
Gomes, do lado do amor que me habita.
Alexandra, não esdrúxula por uma sílaba...

quinta-feira, 26 de março de 2015

Sempre


Toma como certo, sempre:
o meu abraço, o meu carinho, o meu amor!
Mesmo que esteja, sempre:
ausente, distante, longe!
Porque o nosso amor-astro
está equidistante de nós e presente no firmamento,
Sempre!

terça-feira, 24 de março de 2015

(de) Encontro



Encontramo-nos.
Por acaso, por mero acaso.
Numa daquelas curvas do tempo
onde acontecem acasos felizes.
Reconhecemo-nos.
Como se nos conhecêssemos de há muito,
como se o tempo e os lugares fossem os mesmos,
apesar de diferentes.
Tínhamos novos rostos e corpos.

Contudo, ao olharmo-nos
sentimos que era de e para sempre!


(Pintura Tarsila do Amaral)

sexta-feira, 20 de março de 2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

Manifesto


Eu, pequena luz
bruxuleante e esdrúxula
encontrei refúgio e abrigo
num peito que parecia
distante, intocável, profundo.
Roda de karma moída,
noite e dia sempre em movimento,
nunca pensei chegar
a um coito tão quieto e perfeito, gémeo.
Quero habitar-te no instante fugaz da vida
e morar em ti para sempre.   

quarta-feira, 18 de março de 2015

Viagem


 
Encosta a tua cabeça ao meu peito
encontraremos juntos a luz.
Parece que o sol se pôs antes da noite
e a lua fechou os olhos aos que ama.
Deixa amor, seremos amparo, almofada,
farol, estrelas cadentes, buraco negro...éter.
Retomaremos o caminho de volta,
os Deuses vão gostar de nos ver!

terça-feira, 17 de março de 2015

Etrom




De mãos dadas sempre me acompanha.
Talvez,  um dia,  me faça o convite.

Um dia, talvez o aceite...

sexta-feira, 13 de março de 2015

Litterarum lacrima


Em cada lágrima vertida
uma tragédia
Em cada lágrima contida
um poema
Em cada lágrima escrita
um epigrama
Em cada lágrima lida
um pranto
Em cada lágrima sentida
uma confissão
 
Literatura .... grande mata-borrão! 

quinta-feira, 12 de março de 2015

O que me dói


Não...
Não me dói a voz nem o corpo
O que me dói é
a alma e o coração hermético
O que me dói
não são os anos já passados
O que me dói é o mar que não ovula
e a órbita que não se cumpre
destroço à deriva
cósmica poeira
profano corpo
insigne alma

Epitáfio cru de uma vida,  inacabada.
Por ora!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Vida


No epicentro deste exílio, forçado e forçoso
fustigo e abafo as ondas reflexas que
teimam voltar ao meu peito.

terça-feira, 3 de março de 2015

Dime


Dime por favor donde no estás,
en qué lugar puedo no ser tu ausencia;
dónde puedo vivir sin recordarte,
y dónde recordar, sin que me duela.

Dime por favor en que vacío,
no está tu sombra llenando los centros;
dónde mi soledad es ella misma,
y no el sentir que tú te encuentras lejos.

Dime por favor por qué camino,
podré yo caminar, sin ser tu huella;
dónde podré correr no por buscarte,
y dónde descanzar de mi tristeza.

Dime por favor cuál es la noche,
que no tiene el color de tu mirada;
cuál es el sol, que tiene luz tan solo,
y no la sensación de que me llamas.

Dime por favor donde hay un mar,
que no susurre a mis oídos tus palabras.

Dime por favor en qué rincón,
nadie podrá ver mi tristeza;
dime cuál es el hueco de mi almohada,
que no tiene apoyada tu cabeza.

Dime por favor cuál es la noche,
en que vendrás, para velar tu sueño;
que no puedo vivir, porque te extraño;
y que no puedo morir, porque te quiero.

Gustavo Alejandro Castiñeiras