quinta-feira, 22 de outubro de 2015

(de) Poente

*

Ponto.
Forma.
Verbo.
Eu.
 
 
* "Poente" Isabel Magalhães, 2004 30x120 cm, acrílico sobre tela


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Da escrita



Por vezes, basta um olhar,um objecto, um termo, uma expressão,
para, numa verve tímida, inscrever no puro branco do papel
palavras que me assaltam e me obrigam a esculpi-las à mão.
E no absurdo de escrever, nascem histórias, sentimentos, criaturas, ficções
e um eu e um outro,  que me espia, copia, senta-se ao meu colo
e ensaia gritos sem ruído mas com assinatura.

- Está tudo bem contigo?
-Sim. São só memórias que se vêem ao espelho!


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

E se?...

À beira mágoa escrevo.

Em corrente forte, árdua,
em catadupa torrente que
rasga e fere, furiosa
sulcos térreos  bolbosos,
torrões grossos de lama opacos,
disformes, errantes - minha Alma pura.

E as palavras cavalgam letras e açoitam sentidos.
Esporam ânsias. Acoitam. Secam. Jazem mortas.

E a casa quieta ... erma
cresce e transporta o medo da solidão profunda...

E se?...
E se este não for o caminho?
E se esta não for a vida?
E se este não for o sentido?

Sinto uma leve brisa.
Sussurram-me ao ouvido:
- Hei-de fazer-te voar! Não. Não estás sozinho!

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Em ponto!


Forrei a palavras
as paredes do quarto.
Aquele que fica ao fundo,
no corredor de mim.
Na janela de onde voo
entrelacei exclamações e interrogações
embainhados por dois pontos
em contínuo.
É aqui que me passeio nua
e enfeito o cabelo
de nuvens e travessões
de pérolas regurgitadas,
onde me deito com a lua, nova. 
As estrelas velam-me o sono
que tantas vezes se perde,
em horas vazias e,
embriagado brinca distraído
com os raios do sol ao vento.
- Que horas são?
- Poesia em ponto!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Gratias mille


Existem pessoas que o têm nos olhos,
outras na boca, outras nas mãos,
outras ainda, simplesmente não o têm...
Este coração de que falo é aquele
que nos habita, preenche, vibra, transborda,
vive, renasce, dá.
Este coração recebe cada gesto,
cada sorriso, cada mão, cada abraço,
cada raio de sol, cada pingo de chuva,
cada grão de areia, cada obstáculo,
cada contratempo, percalço,
raios e coriscos, angústias
 e ais e tantos nada
e os transforma em ponto cruz,
ponto pé de flor, ponto cheio, invisível,
de luva, caseado,  que borda e preenche
cada espaço deste.
O que eu ostento ao peito, rubro e grande,
está cheio de graças e por isso
 e por tudo ... obrigada!



segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Às vezes...



Às vezes
prefiro o sol ...
Às vezes
prefiro a chuva ...
Às vezes
prefiro o calor ...
Às vezes
prefiro o frio ...
 
Hoje ...
prefiro o vento ...
preciso de arejar ideias!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Do amor



Pedes-me ausências e
agradeces beijos.
Pedes-me as mãos e
doo a lua, rapto estrelas.
Pedes-me o horizonte e
pinto-o em linha recta
(360º graus, 365 dias).
 
Amo-te continuamente
na força centrifuga desta dimensão:
alma, corpo e Tempo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Da mágoa




Nas horas
onde o silêncio
constrói muros empedrados de solidão,
o eco ressoa mantras de retalhos
cosidos pela dor,
burel tecido que agasalha e abafa palavras
surdas,
mal ditas.