segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Arquipélago Insulae


Arquipélago: conjunto de ilhas próximas umas das outras

A propósito de ilhas, sejam elas de que tipo forem, apraz-me a ideia de um conjunto de ilhas, independentes, de feitios diversos, metafísicas ou reais, inexploradas ou com praias magníficas,  rodeadas de uma névoa que as transforma em míticas. Poder sair de uma ilha e visitar a ilha mais próxima, ou outra mais acolá, só porque sim ou porque um amigo mora lá e dá-nos um abraço caloroso ao chegarmos e esse calor humano é mesmo o que nesse momento precisamos e nos sabe tão bem, ou outra ainda, mais distante, onde do alto de um promontório abarcamos o deserto que nos circunda e a esmagadora visão do horizonte nos reduz a um ponto insignificante, embora façamos parte de um cosmos de força e de luz.  
A busca da "nossa" ilha é uma aventura fantástica. Implica levar na bagagem tudo aquilo que nos faz falta, menos aquilo que nos pesa, nos consome, nos mata e corrói, como que nos ancorando num porto imaginário do qual nunca chegaremos a partir.
Mas, o que levar connosco? Da nossa vida até aqui, o que levar? 
 Eu levaria uns olhos enormes de espanto, um coração cheio de esperança, umas mãos abertas ao infinito e, talvez um livro, sim sem dúvida um livro mas, um livro em branco, porque quem iria escrevê-lo seria eu. 
E a minha ilha era a ilha mais bonita:  teria estrelas, conchas, pedrinhas, areia dourada e fofa, flores, pássaros, árvores, sol e lua e um enorme baloiço de corda para que pudesse tocar o céu...ou voar.

domingo, 29 de setembro de 2013

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Mimo

Por vezes sinto-me feliz, cheia, completa. Bafejada pela vida, pelo amor, pela amizade. Tenho sempre um raio de sol, um beijo, um abraço. Mimada é o que sou. Tenho sempre uma força telúrica que me protege, me acarinha e aconchega, mesmo nos momentos mais difíceis. 



Agradeço o caminho e...as almofadas.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Balanço

Ontem, com os meus botões e na proximidade dos meus cinquenta, confrontei-me com a verdade: sim, vou fazer anos. 
Á laia de balanço, visualizei uma folha branca, não uma folha com risco ao meio, tipo deve e haver, mas uma folha de papel como uma tela. Forte esta imagem. 
Como se tudo se resumisse a uma folha branca, limpa, alva, onde a inscrição pode ser como uma aguarela suave, um acrílico fugaz ou um óleo elaborado, com minúcias de requinte e precisão, por vezes de rompante outras de suavidade delicada ou, ainda, um grafitti colorido, disforme e contorcido. 
A minha folha, porque é minha, é uma linda folha, com passe-partout a enquadrar uma linda estampa de cariz abstracto de cores suaves e fortes, de traços finos e largos, indecisos e precisos que legendam a minha vida. À margem, algumas pingas, algumas marcas que pontilham as indecisões, as dúvidas do risco ou da cor, da dúvida da direcção a percorrer. 
É um lindo quadro a minha vida! 
Feito por mim, com as minhas mãos, com o meu sangue e suor e algumas lágrimas. 
Ainda não está finalizado ou terminado. Precisa de retoques, afinações, aperfeiçoamentos,  e mais importante ainda,  de uma moldura. Esse será o derradeiro gesto que dará o quadro por finalizado.
 Pretendo uma moldura simples, bonita e clara como pretendo seja a minha alma...

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Chuva

Finalmente a chuva chegou...
Andava a ameaçar. Sentia-se o cheiro ao longe. Sabe bem, limpa o verde, o pó e a alma. 
Faz lembrar o aconchego da casa, o abraço do sofá, a volúpia da cama, as tranquilas tardes ou as quentes noites, a paz. O barulho das pingas grossas que fustigam as janelas, numa cadência harmoniosa onde a música tocada a compasso celestial nos embala e faz-nos pensar na chatice de ter esquecido o guarda-chuva, no transtorno do trânsito que se avoluma mais que o normal, na roupa estendida na corda, nos miúdos ao sair da escola e no quanto somos pequenos neste imenso cosmos, onde somos um pequeno grão e onde, bem vistas as coisas e ao que parece, somos nada...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Outono...

Acordei.
Ao abrir a janela, o cheiro a chuva me inundou.
Ao longe um manto de espessa névoa, fofa e diáfana, misteriosamente cobre as árvores, como que a protegê-las. O encanto mágico, místico da floresta... 
Tenho saudades. Parece-me um convite... O cheiro me invoca...os elementos apelam... 
Outrora, num outro caminho, num outro espaço, numa outra dimensão, a comunhão era plena, agora o cimento é âncora do meu corpo, mas o espírito... esse, vagueia e se entrelaça nos troncos das árvores e respira, sofregamente a força da Mãe, o poder da Deusa...  
 Sinto-me ligada... 
Ao respirar o prana o meu peito transborda e, em plena conexão, alegro-me por existir ...assim... 

sábado, 21 de setembro de 2013

Amor é...

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...


Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!
Carlos Drummond de Andrade