sexta-feira, 8 de maio de 2015

Viver é ...



Na minha ânsia de querer
forço, exijo, cobro
gestos, sorrisos, palavras.
O meu tempo urge, escoa, voa.
 
Violo e violento-me!
 
Viver é um lugar escuro.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Que foi feito do poeta?



O silêncio instalou-se ...
construiu uma parede sólida
tijolo sobre tijolo
de argamassa dura e crua
que cimenta e interdita as 
palavras que não gritas, que não ditas,
mortas, abortadas, caladas,
esganadas pela mão que recusa
fazê-las nascer à luz da tinta escura.

Verbo mudo que inaugurou
a solidão das letras
que na folha branca e virgem permanece,
profundo vazio que emerge
e toma conta, cresce e alastra
fumo escuro de tristeza,
órfão pensamento codificado,
recluso coração oprimido nas grades do peito
sem língua, sem pátria.

Ausente. Mudo. Amorfo. Morto.

Despatriado poeta, o que foi feito de ti?

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Amor incondicional



Dedico-te estas palavras, meu cão, nosso cão, renovando o compromisso que nos une já há treze anos e meio,  da tua e da nossa vida,  em comunhão geral de bens imateriais.
Apesar da independência que sempre tiveste e demonstras-te,  sempre tiveste um coração de ouro, como a cor do pelo que te cobre, agora teimosamente a encaracolar.
Os teus olhos sempre foram fiéis e sempre nos olharam atenta e abnegadamente.
Percebias-nos e fazias-te entender tão bem que para nós "falavas".
Eras o companheiro das brincadeiras, dos passeios, das longas tardes de verão na quinta.
Da imensa  paciência para as tropelias que te faziam, que estoicamente aceitavas.
Da valentia que ainda hoje demonstras ao descer e subir as escadas que todos os dias se apresentam perante ti como um desafio colossal.
Foste o companheiro de todas as horas,  do dia e da noite,  que velavas aos nossos pés e que, sempre, desde pequenino, lutas-te com todas as tuas forças para conquistar. Companheiro de férias e  passeios de família, com tios e tias e primas que cresceram contigo. Foste um cão feliz.
Mas os anos passam e a idade não perdoa.
Carregas nos olhos agora enevoados e nas orelhas moucas um mundo que é só teu. Porém, sabes onde estás e dos que te amam. Procuras sempre a nossa companhia e arranjas sempre jeito de te colocares no meio do caminho. Perdes por vezes o norte mas é pelo faro apurado que encontras sempre o caminho das torradas e percebes que chegámos a casa.
Tornaste-te um ancião. A velhice trouxe-te a serenidade, apurou-te os sentidos e refinou-te a personalidade. Estarás sempre connosco até ao fim e o nosso amor será sempre incondicional e para sempre. Fazemos tudo para que continues feliz.
Para nós continuas a ser aquele cachorrinho que, quando te conheci e peguei ao colo, encostas-te o focinhito ao meu ombro, logo soube que eras tu o nosso companheiro de toda a tua vida. 
Amamos-te muito Goofy!!!!


terça-feira, 5 de maio de 2015

Simplesmente



Não sou Ofélia, Beatriz, Leonor,
Bárbara , Ângela, Isolda,
Margarida, Julieta, Inês,
Penélope, Cleópatra,
Guinevere, Josefina, Laura,
Ema, Lolita, Clarissa, Elisa ou Carmem.
Sou Alexandra...nem grande nem alfa.