sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Fábula



Teço as palavras que das mãos nascem 
- fios 
e nos olhos fixo sentido 
ao caminho singular no branco leito,  

olhando as estrelas... ursas, cães, peixes,
corvos, pombas, baleias, mitos, raro cruzeiro

e no regaço torço,  em nós cegos 
os dedos ansiosos
do desassossego urgente do tempo:

Serão rosas, serão rosas senhora!
 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Amores perfeitos


Quais os amores que serão  perfeitos?
Até no mais filial, mais casto, 
platónico, altruísta, abnegado, 
maior que o mundo,
incondicional,
por vezes, 
nascem pérolas.  


Imagem: Giovanni Boldini (1842-1931) Viole del pensiero 1910, 46 x 66 cm. Col. Boldini, Pistoia Italia.

sábado, 6 de agosto de 2016

Jacarandás



Ainda que os sonhos possam não se cumprir
e as memórias sejam a realidade,
teremos sempre o sorriso dos jacarandás.

terça-feira, 2 de agosto de 2016




Na cesura do verso
alexandrino cai a rima,
a métrica em redondilha,
menor,  tão pequena, tão nada 
que o verso na dobra
vira sílaba condensada,
mínima, nota apenas.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Linhas tortas



Ai este meu jeito de ser!
Que se perde e afunda 
por não querer
o caminho estro, funesto
da solidão.
Os dedos têm asas e
penas lustrosas
que nascem livres
em letras que tanto gosto.
Formam palavras, frases sem sentido
plenas de amor, ódio, confusão.
Nós.
E se o verbo não abona ou carece de inspiração,
fica o grito preso na folha,
pendurado nas  linhas tortas que me atam o coração.