sábado, 26 de janeiro de 2019

Casa

Casa é...

asa, concha,
casulo, cais,
abraço, prisão,
refugio, gruta,
ninho, berço,
conforto, espelho,
orgulho, gosto,
coração...

a casa é...
redenção!

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Happy Days



ao cabo e ao resto,
sobrevêm
 a todos os dias rectos, lentos e avessos
os dias felizes...
entalhados a sangue e suor,
embutidos de lágrimas e alegrias,
lapidados, perfeitos, únicos
poucos... tão poucos, alguns
dias felizes...
esquivos...
ao ego insurrecto,
ao absurdo do nada em tanto e em tudo...
ao fim e ao cabo,
a vida.   
 

terça-feira, 31 de julho de 2018

Andorinhas



Daqui,  onde me prendo,
doo a quem parte os meus olhos
para que ganhem asas,
e soltos sorvam o mundo,
obliterando o desconhecido,
coleccionando memórias de tempos idos,
ouvindo pedras que calam testemunhos
sofrimento, horrores, sangue... uma pátria júbilo
por cima das mortes, epifanias, loucuras, guerras, teimosias...
e de regresso, 
tragam a certeza de serem maiores,
maiores que o seu tamanho,
prenhe da riqueza do tanto que viram e,
como duas boas meninas,
voltem feito andorinhas.


sexta-feira, 20 de julho de 2018

Passei por aqui



Passei por aqui
seguindo os teus passos.

Se deixares creio em ti.

Se me deixares,
apesar do nós escrito no céu
afogar-me-ei em mágoa
nos meus olhos perdidos
do náufrago sorriso que foste
de entre todos escolhido.

Se deixares,  vivo para ti.




quarta-feira, 27 de junho de 2018

No outro lado do espelho



Existem fantasmas que nunca viste nos meus olhos…

É possível que a luz da lua os tenha iluminado.

Nem sequer reparaste como branquearam os meus cabelos,
como os riscos na pele me vincam as feições
ou como já não se nota bem o contorno dos meus lábios.

Não percebes?! sinto o chão a ceder e em cada passo
a estrada já não contempla o infinito… apenas uma luz intensa que me convida...

Ainda te recordas dos sorrisos mudos e dos olhares cúmplices
que trocávamos quando tudo estava dito sem uma única palavra?

Deliro. Olho o espelho e procuro-te. Ainda me vês?

Procuro-te para que me reconheças,
mesmo que não seja eu, me compreendas confidente
e sejas mensageiro na comunhão do silêncio que nos habita 
Talvez os meus olhos estejam turvos e  hoje  não te reconheça.

Por vezes ausento-me de mim,  sou outra realidade...
volto a ser menina, volto a ser irrequieta, volto a ser aquilo que nunca pensei ser,
pois nunca quis ser coisa alguma (estranho… não me lembro de querer ser,
nem mais nem menos do que sou, ou seja, nada…)
como chocolates, ainda sonho, ainda penso...
mas também me entedio, me aborreço e me desespero
e ao espelho apenas me vejo baça, gasta e farta…
tentarei de novo amanhã, uma e outra vez
e tantas quantas forem precisas. Talvez te encontre...

Ainda me procuro no outro lado do espelho!