sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Peço-te um beijo


Peço-te um beijo.
Mordes o pescoço que te estendo.
Bafejas com hálito de almíscar feromonas de desejo.
Em cada poro respiro ânsias de querer teu corpo
e em pelourinho armado, tomar-te de açoites mansos.
Ai meu amor: o que leva tuas mãos, tua boca, teus olhos...
um mar revolto e denso que,  nem eu,  sei como navegar!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Caracóis


Dois pontos à conversa:
- Estou farto.
- Do quê?
- Da pausa absoluta.
- Mas concluíste um pensamento.
- Sim. Mas isto de ser ponto final, custa-me sabes?
- Preferias ser reticências?  Assim deixavas tudo em aberto, suspenso...
- Não sei. Talvez ponto e vírgula, assim éramos dois e não três.  Iguais ainda por cima! Credo!!! Pareceria um desdobramento. E de heterónimos já chega quem basta.
- Pois...Sabes, tenho um segredo a contar-te.
- Conta, conta.
- Eu não sou um ponto.
- Ai não? Queres dizer-me que és dois pontos?!
- Não... Sou mais tipo asterisco...
- Asterisco, como uma frase agramatical, nota ou omissão?
- Não nada disso.
 Tenho caracóis!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Ainda as palavras...




Descobri que as minhas palavras são órfãs.
No orfanato das letras, já passaram da idade de adopção. 
Passaram à maior idade, sem sequer terem sido meninas, sem pai e sem mãe.
Desalinhadas, confusas e sempre a explodir na boca do coração.
Por isso, prendo-as ás linhas do papel em branco, com tinta para não fugirem.
Muitas são apenas  borrões...  

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O teu silêncio rasga...



O teu silêncio rasga...
Rasga-me a pele com garras afiadas,
 recalcitra fendas profundas em tatuagens permanentes.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Palavras

Serão sempre palavras...
Mesmo as que não são ditas, escritas ou pensadas em construções artísticas ou banais, serão sempre palavras sentidas, sofridas, moldadas.
Por vezes parece que fogem, com medo de ficarem presas ao papel, ao pensamento, aos dedos.
Outras escondem-se nos olhos, na alma, em sentimentos profusos e profundos, tão fundos que teimam não se transformar em linhas, pontos ou riscos,  mas em cristais cristalinos que bailam no mar revolto dos sentidos,  em vibratos sensíveis ao toque.
E basta um abraço, um estender a mão para as ancorar: o que não foi dito, fica para sempre escrito no firmamento do nosso olhar.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ponto de encontro


No istmo do teu braço esquerdo,
em côncavo porto da tua axila,
ancoro meu mar revolto de caracóis e
ouço o marulhar do teu coração...