segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Lua



Sim, é na noite que os castelos se iluminam.
Que se  incandescem os sonhos. Onde vagueiam as ondas do pensamento ...
tão voláteis que ultrapassam barreiras, paredes, frestas,
arbustos, árvores, masmorras, catacumbas...
a imiscuírem-se em tudo,
a arrastar-nos nas nossas pesadas correntes,
a iludir-nos asas em vãos de  janelas.

É na noite que se soltam diabos, feras, monstros e é,
na calada da noite,  que se tangem destinos, amantes...
vidas e mortes... cúmplices e testemunhas...

Imenso buraco negro onde surge a grande dama da luz
que ilumina e rege os ciclos, os fluxos,
o tempo, os humores e a vida.
Que nos dá o braço e o abraço,
que nos inspira e alumia,
que nos vela e acoita,
que nos vigia e cala.

E deitada na noite,
sob o seu manto de nuvens bordado a estrelas brilhantes,
nos guarda e se transforma em confidente, amiga, comparsa.


De vez em quando ausenta-se. Não surge debruçada no parapeito da noite...
Vai banhar-se no rio de prata,
lavar a alma dos homens e enfeitar-se de brilho,
para ressurgir de novo
alva e pura,
bela e nua.
Simplesmente linda.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Multiplicação do silêncio



No acorde quente do vento
o toque bafejo da brisa ecoa a nada
o vazio ressoa a húmus
a verde musgo que escorre viscoso...
estranha-se na pele
entranha-se no corpo e
multiplica-se a inércia, a quietude e o silêncio.