segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Africando...


 
"Aquela mulher que rasga a noite
com o seu canto de espera
não canta
Abre a boca
e solta os pássaros
que lhe povoam a garganta
"   
                                                                         Ana Paula Tavares
 
 
Imagem: "O grito silencioso" Elvira Méndez 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"Persistencia da Memoria"

E se o dia fosse noite
e a noite dia
e as manhãs tardes
e as tardes noites,
as noites o que seriam?
As horas, anos
os minutos, instantes...
o Tempo o que seria?

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Die pluviae

Se a tarde vier com laivos púrpura
 no roxo azul do céu,
esconde-te amor,  da ira dos deuses
que os tempos estão mudados e
em cascatas gorjeiam os males do mundo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

F-E-L-I-C-I-D-A-D-E

E de repente, muitas vezes sem se anunciar, o céu cai-nos em cima, sem qualquer incómodo.
 Céu pela sua dimensão infinita.
 É tão avassalador o sentimento que só a grandeza do espaço cabe nele.
A perda de alguém, a doença, a pobreza, a injustiça, a crueldade, a indiferença, a solidão.  São tocantes os vídeos de animais altruístas e sábios, são chocantes as imagens que nos entram pelos olhos dentro de chacinas, de epidemias, de tempestades, de violência contra os indefesos e os ostracizados.
 Mas, até que ponto nos importamos?
O que toca é o episódio da novela em que morre um dos personagens, ou a fulana que dorme com beltrano, ou o famoso que  veio das berças e nem falar sabe mas agora é famoso, a opção sexual de alguém com que nos cruzamos na rua, o modo de vestir (se aquilo são propósitos!) ou as tricas da vizinhança ou do trabalho, quando o há.
Deixemo-nos de tretas!
O que nos importa verdadeiramente?
O que realmente interessa?!
Que o Sol continue a nascer e nós a acordar.
 Temos tanto medo... medo da morte que é certa, mas quanto mais tarde melhor e de preferência bem longe de nós, que fechamos os olhos ás cabeças que literalmente rolam, aos mortos que por força da guerra ou das epidemias ou das catástrofes se amontoam, e definitivamente cegos até  à felicidade de ter paz, saúde, uma casa, um cobertor ou uma tigela de sopa, um abraço, um beijo.
 Se não é felicidade, o que é?

Chocolateria



Sou tudo?!  Poderei ser tudo...
Porém, tenho em mim todas as dúvidas do mundo.
E adoro chocolate!
Ponto final.







quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Spleen dos 50

Hoje acordei assim:
com um capacete cinzento por cima da minha cabeça.
Parece um secador de pé, daqueles que algumas senhoras tinham em casa, para fazerem uma mise de rolos sem gastar dinheiro no cabeleireiro, porque a poupança era tudo. Ser poupada era uma qualidade muito apreciada à época. Parece um pouco antigo, mas é a realidade.
 Já tenho algum digamos, background.
No regresso à faculdade descobri que carrego uma responsabilidade acrescida por ser o último ano de licenciatura. Digamos que foi-nos oferecida uma mochila para este ano e ainda um bilhete para uma viagem, ainda em sonho, para um mestrado a seguir.
 É curioso: reingressei no curso que não tinha escolhido, na última e derradeira oportunidade de o concluir em regime pós laboral, com um conjunto de pessoas (agora amigos) que por, também eles, circunstâncias diversas,  se juntaram para realizar esta licenciatura e encontrei uma passadeira vermelha para me receber na faculdade, que parece esperava por nós. A relação e o deferimento dos nossos professores para connosco é comovente e chocante, não me reconhecendo as propriedades que, a seus olhos pareço ter, passando-nos uma certeza de capacidades que me ultrapassa e que me causa estranhamento. 
 E são estas coincidências, destino talvez, que me faz pensar que,  se calhar, está tudo definido, aprazado e que, de alguma forma o caminho se escreve,  de facto,  por linhas tortas.
 E as palavras são poucas, ou antes, o engenho é pouco para manusear tanto reboliço na minha alma ...

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Gollum(a)

A minha relação com a exteriorização dos afectos foi sempre estranha.
 Nunca fui dada a atitudes ou expressões amorosas e lamechas muito menos.
 Os meus filhos atestam esta afirmação.
De uns tempos para cá (deve ser da idade), a tendência tem se desvanecido e expressões como amor, quiducha,  fofinha ou "" ou "" (forma carinhosa que utilizo com muita frequência ao meu mais que tudo) bailam na minha boca com alguma insistência.
Com  os pronomes possessivos também é a mesma coisa. Agora utilizo-os com grande veemência e afirmo isso mesmo.   Pouco tolerante, portanto. 
E se isto se agrava?!
Transformo-me em Smeagol(a)?!
 Ficarei careca?!
Que medo!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ausente


Se houver amanhã
não se esqueçam de me dizer,
poderei estar desatenta e...
passar incógnita pelo ocaso.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

De volta...






De volta!
Ao trabalho, à escola... eis que começa um novo ano.
A vida retoma o seu ritmo. Pulsa a cada passo, a cada minuto.
E na roda do tempo,
 parecemos ratinhos ufanos que afanosamente giramos a roda em busca da felicidade.
E porque parece que não conseguimos deixar de o fazer, assim vivemos... felizes!  
Por isso, aqui estamos de volta!