quinta-feira, 28 de julho de 2016

Mariposas



Na enseada dos teus braços,
mar sereno e tranquilo,
mergulho o coração ao peito
e afogo as mariposas que não sabem voar.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Tronco


Bebo-te a seiva,
sémen de vida
à boca das palavras
e nas mãos moldo as asas
do corpo fugitivo
que não se prende às teias da vida 
mas que enraíza no chão. 

terça-feira, 19 de julho de 2016

Muito



Ainda que o muito seja pouco e o pouco seja o muito 
de tudo quanto possa ser nada, o muito de nada poderá 
ser o pouco de tudo do muito que podemos ter.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

Procela


espero-te
no horizonte das palavras
e no limiar do sorriso
espero-te
na veleidade de remar marés
 contra ciclos lunares
espero-te
ainda que o verbo seja o principio
 a esmo, a eito, fuga, ermo,

espero-te

...no fim e
 ...ao cabo das nossas tormentas



Imagem: "la tormenta en el mar de Galilea" de Rembrandt. "