terça-feira, 15 de outubro de 2013

D' Alma


Hoje atropelei-a.
 Andava a chatear-me. De manhã vi-a a espreitar ao espelho. Lá vinha ela com os seus cabelos ondulados em desalinho. Triunfal.  
Ignorei-a. Voltou a escolher-me a roupa. Deixei.
 Por vezes deixo-a tomar conta de mim, ás vezes mima-me. Diz-me exactamente o que quero ouvir. 
Sabe tão bem! 
Outras vezes irrita-me solenemente.
 Odeio-a!  
Odeio! Odeio!
Quem pensa ela que é!
 Por vezes dou com ela sentada a olhar para mim e a rir-se com aquele sorriso malandro do tipo estou a ver-te, sei o que estás a pensar. 
Mando-a embora mas volta sempre. 
Quando menos espero lá está ela a espreitar-me.
 Mas hoje atropelei-a. 
Vinha a correr para entrar no escritório e de repente voltei-me... sem dar conta esbarrou em mim. 
Caiu.
 Olhei-a sem remorso e sem pena. Deixei-a ficar ali.  
Só tive de compor o meu vestido, que por sinal até me fica bem e foi ela que escolheu.
 Durante uns dias andará zangada...

1 comentário:

  1. Bem, aqui está aquela poética magnífica que eu acho extraordinária!!!
    ADOREI!!!!!
    Está verdadeiramente excelente!!!
    Entre eu e o Outro, quem ganhará? Beijos

    ResponderEliminar