quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Red shoes



Cheguei e bati à porta. Tímida, muito timidamente.
A jornada tinha sido trabalhosa e difícil, embora feita a eito e com empenho. Desta vez,  feita por vontade própria e com uma tenacidade que desconhecia. No caminho das improbabilidades o rumo seguia a direito nas palavras. Sempre as palavras. Que me rondaram, viveram e me habitaram mesmo quando delas me esquecia ou ignorava, calando-as muitas vezes, sufocando-as outras na mudez que por vezes me assola. Chegada aqui, era imperativo bater à porta.
O castelo é enorme, grande e majestoso. A porta imponente, trabalhada de saber, aparenta cada lágrima, cada gota de suor e sangue de todos quantos a fizeram e sustenta o peso douto de tudo quanto carrega, da semente á flor, da haste ao tronco, dos ramos à folha, da terra ao sol.
Abriu-se a porta.
Uma luz intensa inundou-me os olhos. Presa ao chão com o receio do caminho,  sinto frio.  Por dentro,  oiço as palavras de incentivo que já me tinham dito mas que teimo menosprezar. Eu?! Eu não fiz nada. Apenas sigo. Uma intuição que é maior que eu e me arremessa para um desconhecido, talvez já percorrido mas seguramente traçado, que me impele a ir. 
Procuro na cegueira um corrimão. Porém, pelo sim pelo não, calcei os meus sapatos vermelhos...
 
  

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